quinta-feira, 31 de outubro de 2013

3- carta para os teus pais.

Todos os textos que eu pude e tive oportunidade de ler, que são nomeadamente dirigidos aos pais começam como forma de agradecimento. Em todos eles, arranjam mil e um motivos para dizerem obrigado por tudo o que os pais fizeram e até, para agradecerem aquilo que a nossa cabeça nos permite imaginar que um dia poderão vir a fazer por nós. Como tal, e como sou bastante do contra, e porque na minha cabeça uma carta de agradecimento não é nada visto que, podemos agradecer os nossos pais todos os dias com pequenos gestos sem precisar realmente de dizer a palavra "Obrigado", para mim uma carta de arrependimento, perdão mas independentemente de tal orgulho, era o que cairia melhor.
Pai, desculpa. De todas as vezes que te faltei ao respeito. De todas as vezes que fiz algo que não gostasses. De todas as vezes que te tratei mal e, ainda que de relance, tenha visto as lágrimas no canto do olho. De todas as vezes que bati com a porta na tua cara, mesmo que seja no sentido figurativo. De todas as vezes que berrei contigo. De todas as vezes que te tirei o sorriso. De todas as vezes que te desiludi. De todas as vezes em que, em vez de te dar motivos de orgulho, só te consegui dar o contrário. E por favor, desculpa, desculpa mesmo, daquela vez em que eu te possa ter dito que te odeio. Eu não te odeio, és o meu pai. Eu amo-te com todas as letras e com todo o sentido e sentimento da palavra. É que eu irrito-me fácil, tu irritas-te fácil, sou tua filha e os nosso feitios são tão iguais que chega a um ponto que um, choca com o outro.
Mãe, perdoa-me. De todas as vezes que igualmente te tirei o sorriso da cara. De todas as vezes que eu te fiz chorar, porque eu sei perfeitamente que saíste muitas vezes do meu quarto com aquela vontade de choro enorme e só te permitiste chorar, quando o sono te dominou ou até, quando não mais pudeste aguentar e mesmo antes da porta se fechar já derramavas umas quantas lágrimas, então, desculpa por isso. De todas as vezes que te respondi mal e fui completamente mal encarada ao ponto de te magoar, apenas porque não estava nos meus melhores dias e mesmo sabendo, que não eras tu em quem eu deveria de descarregar toda a minha raiva.
Peço desculpa aos dois. Porque por vezes, não me sei comportar e ajo como uma criança de 11 anos independentemente da idade que eu possa ter agora. Eu arrependo-me profundamente de todos os erros que cometi até então e de todas as vezes que com isso, vos magoei. Não era, não é, nem será a minha intenção!
Mas quero que saibam que eu orgulho-me tanto de vocês, vocês são os meus heróis sem capa, sem poderes e sem serem da banda desenhada.

domingo, 30 de dezembro de 2012

2- carta para a tua paixão.

Será que existes? Será que és tu? Será que é mesmo isso? Será que eu posso chamar de paixão afinal? Até porque, eu acho que não. Sentiria-me mais segura se pudesse apelidar isso de saudade, porque na realidade, é o que é. Talvez saudade misturada com um pouco de ciúmes porque eu tenho-os, sou assim estranha, ao ponto de ter ciúmes do que não é meu. Mas são ciúmes de uma pessoa que se importa demasiado. De uma pessoa que ao ver-te a fazer tudo aquilo que um dia já fizeste com ela, com outra pessoa, sente ciúme porque, aconteceu com ela também e na opinião dela, com mais ninguém deveria de acontecer.
Eu sou daquele tipo de pessoas que sente demasiado as coisas, e no final é a única que se arrepende do que fez, porque foi a única que as sentiu. Sem cura, sem remédio, sem terapia possível.
Sinto e importo-me ao ponto de, ao ver-te a pegar na mão dela sentir um formigueiro na minha porque já tocaste dessa mesma forma nela, e ao mesmo tempo, sinto saudade disso acontecer e ciúme dela. Ao ponto de os meus olhos encontrarem os teus e eu tremer toda por dentro, porque há muito tempo que eu já não olhava neles e a saudade, era enorme. Ao ponto de quando te vejo a olhar para ela, roer-me de ciúmes porque era assim que eu olhava para ti, porque era assim que tu olhavas para mim. Ao ponto de te ver a passar com ela, e sentir saudade de ter esses passeios contigo. Ao ponto de ver-te a sorrir para ela, e sentir ciúmes porque eu sempre sorri assim para ti, mas não me lembro de alguma vez te ter visto a sorrir assim para mim. Ao ponto de ao ver-vos abraçados, uma brisa percorrer os meus braços, costas e ombros, porque sinto saudades de quando me abraçavas assim de maneira tão forte. Ao ponto de ouvir a tua gargalhada e se calhar até querer chorar porque na minha cabeça, sei que não fui boa o suficiente para te fazer rir assim, e sinto ciúmes dela, porque o foi. Ao ponto de os ver aos dois em meio a brincadeiras e dar um pequeno sorriso, porque me lembrei de quando brincávamos assim e uma pequena saudade invadiu o meu pequeno coraçãozinho. E quando se despedem um do outro de maneira tão carinhosa, chego ao ponto de querer ser eu no lugar dela porque eu sei, eu tenho a certeza que ela vai receber uma chamada de noite, dele, porque ele quer ouvir a voz dela antes de adormecer e, porque não consegue dormir sem antes lhe desejar boa noite, e dizer que a ama.
Por isso, eu digo que é saudade misturada com ciúme e porque tenho a certeza que não é paixão. Até porque, o meu coração não acelera, nem as famosas borboletas aparecem na barriga. Nem eu muito menos começo a sorrir feita boba por aí só de ouvir o teu nome, mas se eu chorar, é porque eu senti saudade. É porque eu senti ciúme. Porque eu, fui burra o bastante para na altura deixar ir, e ela, esperta o bastante para te agarrar. Mas chego há conclusão, que eu não fiz mal. Eu não era a certa para ti, mas ela talvez o seja e quem sabe um dia, eu seja tão certa para alguém, como ela é para ti e tu para ela. Mas como último pedido, só não te esqueças de mim porque com toda a certeza, eu não me esquecerei de ti.

- de alguém grato. 

1- carta para a tua melhor amiga.

Quando pensas que estás prestes a cair mas de repente, algo te segura pela camisola e impede-te de bateres com o corpo no chão. Quando pensas que o embate de algo foi tão grande que pensas que vais tombar para o lado mas encontras uma coluna do teu lado. Quando pensas que o teu coração está desfeito em pedaços e alguém, está lá a colar pedacinho por pedacinho. Quando pensas que o mundo parou de girar, que já não há razão para nada, e aquela pessoa dá-te razões para acreditar que o mundo ainda gira sim. Quando pensas que ninguém se importa contigo, e tens alguém do teu lado a pegar lentamente na tua mão e a dizer-te da forma mais confiante que alguma vez ouviste "eu importo-me". Quando pensas que acabou, que a estrada termina ali e alguém te estende a mão por entre os arbustos e diz "segue-me, ainda há caminho a percorrer." Quando pensas, ou melhor, tens basicamente a certeza que mais ninguém acredita em ti nem mesmo tu mesma, e na berma da estrada encontras alguém a saltar, a bater palmas, com um cartaz gigante a dizer "EU ACREDITO!" como se tu estivesses em algum tipo de corrida ou competição. Quando pensas que estás demasiado imperfeita porque vestiste aquele vestido e não consegues fecha-lo, e alguém te vai por trás, e lentamente agarra no fecho e lá está, fechou. Quando pensas que ninguém gosta de ti assim, porque te olhas ao espelho e nem tu mesma gostas, e tens alguém atrás de ti a jurar-te a pés juntos que és perfeita assim. Quando te encontras perdido, sem saber como voltar para casa e essa pessoa, acolhe-te em casa dela. Quando pensas que estás perdida, e aquela pessoa encontra-te. Quando pensas que (...) quando pensas que és um absoluto nada e aquela pessoa, mostra-te que para ela, és o seu tudo. Quando pensas que não existe ninguém no mundo, que te faça sorrir como nunca sorriste e aquela pessoa, sem dizer sequer uma palavra sequer, faz-te soltar até uma gargalhada. Quando pensas que já não há mais lenços com que limpar as lágrimas, e aquela pessoa oferece-te a manga da sua camisola. Quando pensas que se fizesses as malas e te fosses embora ninguém notaria, aquela pessoa aparece-te com as malas ao lado e diz "Eu vou contigo.". Por fim, quando pensas que não tens ninguém, mas tens-na a ela, e isso basta-te e no final, por mais que sejam os desentendimentos e as discussões que tenham, ficam juntas. Porque no final, tu acabas por entender que ela só grita contigo porque se preocupa. Ela só discute contigo porque quer o teu melhor. Ela só diz "Apetece-me bater-te Paula Catarina, eu avisei-te" porque ela sabe que te tinha avisado antes, e sabe também que és teimosa o suficiente para não ouvires o que ela diz e no final, implorares para ela não dizer tal coisa porque sabes que ela era a certa desde o inicio e tu a errada. 
Porque tu, és orgulhosa demais até para dizer "Tens razão" "Obrigado" "Desculpa". Porque tu, não consegues aceitar que alguém esteja certa e tu não. Porque tu (...) bem, tu és tu e sempre serás. E esta sou, e esta és tu. E estas, somos nós. E por mais casmurras, embirrantes e estúpidas que sejamos, no final somos a metade uma da outra. 
Se eu nunca fui capaz de deixar definitivamente o meu orgulho e pedir-te desculpa, DESCULPA. Se eu nunca te consegui agradecer por tudo o que já fizeste, OBRIGADA. E, um sincero e verdadeiro, AMO-TE. 

- da tua demi.